Nossa aldeia, há muitos anos e antes de que os brancos entraram no Brasil nós já estavamos aqui. Nossos principais, eles cultivavam aqui a terra.
Isso aqui năo ia, a água năo entrava. Tinha árvores grandes. Tinha pau d´arco, tinha jutaizeiros, tinha itaubeiras, tinha… cupaibeiras e outras árvores de lei né. Mas com o tempo, ele foi esgotando e acabando né, e a água foi levando frente né. E, entăo se nós estamos aqui parados, porque os nosso principais eles trabalhavam sob esta serra essa montanha, mas era o local aondes eles vinham veraniá năo é.
Entăo eles tinha suas moradas aqui. Ficava mais fácil a pescaria, prá eles né, e mais fácil muitas coisas, principalmente a água porque no verăo, aqui a água é dificultosa, cę vę essa baia mas isso prá cá, barco năo entra, muitas vezes fica só terra aí fora né, e entăo é por isso que nós ficamos aqui nesta área, aqui na margem do tapajós mas que o nosso trabalho é sobre essa montanha.
Aí em cima da montanha era localizado a aldeia, a aldeia chefe, em cima dessa montanha, e aí existia muitas plantas ainda dos nossos antepassado mas o que acabô foi o fogo.
O fogo entrô e acabo com o cacuarru que tinha dos nossos parentes. Acabô com o timbó que tinha, que era principalmente a arma de pescaria dos nossos atenpassado. Acabô com o grande flechar, que existia. Flecha era o armamento dos índios flecharem né e, foi encontrado depois de tudo isso, uma flecha que o fogo năo queimô. Ela tava infincada. Entăo por isso que ele tem o nome de taquara porque é a flecha do índio né. E por essa, por esse motivo é que os nossos antepassado năo saíram daqui. Pelo amor da terra. E nós nascemos e se criemos aqui quando nós abrimos nosso olhos já foi aqui.
Nosso avô, nossos bisavô, nosso pai, nossa măe já… se apagaram né, e nós ficamos aqui na terra né. E é esta razăo que nós permanecę aqui.
Agora, porque nós permanecemos e porque é que nós procuremo a nossa identificaçăo. Sabę quem era nós? De onde nós viemos? Quem era nossos avós? Quem era nossa măe? De onde vieram? E, contamos os nossos troncos, e eram daqui mesmo năo tinha mistura de outro sangue era os nossos puros nativo. Entăo foi o momento de nós reconhecer quem nós somos. Agora vamos sabę que tribo nós pertence.
Se é caiapó, ô se é tupinambá, ô se é cinta larga, ô se é otr... otras tribos. Năo. Encontramos a nossas decendęncias Mundurucu. No alto Tapajós. Mas como eles se espalharam adepois que os brancos entraram n-no Brasil, eles se espalharam, pra todo canto né, e é hoje que nós estamos aqui, hoje, aquele resto, aquele povo que talvez estiv... tivesse adormecido e hoje está, se acordando năo é, está aqui de novo avoltando, e lembrando que nós somos os verdadeiros filhos desta terra, daqui do Taquara. Entăo é essa é a razăo e a história de nossa terra. O amor que temos por ela.
Contado por Raimundo Assis dos Santos, em volta da fogueira, na noite de 17 de setembro de 2000, em Taquara, no Rio Tapajós.